No mês do professor, entrevistamos:
Ricardo dos Santos Antônio
Vice-prefeito e Secretário Municipal da Educação faz balanço
do atual estágio da área em Atibaia.

AM – Qual a sua visão em relação à educação como um dos
principais elementos do desenvolvimento humano?
RS
- Sou educador há quase trinta anos.
Toda minha vida tem sido dedicada praticamente a esse ofício, por isso sinto-me
à vontade para falar sobre esse tema. Não há como pensar em evolução,
desenvolvimento, progresso ou crescimento, sem que a educação esteja presente. A
fórmula para um mundo melhor está pautada na educação. Não apenas na educação
catedrática, mas na educação aliada à consciência, às virtudes, à cidadania, à
democracia e ao respeito aos direitos individuais, sejam eles os mais simples.
Qualquer projeto, político, profissional, coletivo ou individual, está fadado ao
fracasso se não estiver amparado nos pilares da educação
AM – Quais foram os investimentos realizados pela
Prefeitura, na área de educação, nos últimos seis anos?
RS
– Seriam necessárias várias edições do jornal para que
pudéssemos relacionar todas as ações desenvolvidas pela Educação desde o
primeiro mandato do prefeito Beto, ou desde que assumi a Educação, uma pasta
que, na época, acumulava ainda as secretarias de Cultura e Esportes e Lazer.
Posso lhe garantir que todos os dias estamos promovendo investimentos. Todos os
dias estamos adquirindo novos equipamentos, de um simples brinquedo pedagógico,
a um ônibus para transportar estudantes. Mas, de uma forma resumida, posso lhe
dizer que nesse tempo construímos pelo menos dez escolas, ampliamos outras
tantas, municipais e estaduais, equipamos essas unidades, otimizamos o
atendimento, adquirimos novos e modernos equipamentos, ampliamos e
melhoramos a qualidade da merenda servida aos alunos, quadruplicamos o número de
vagas, investimos milhões em capacitação de profissionais e implantação de
projetos. Posso citar também as creches comunitárias, seis em funcionamento hoje
na cidade, em parceria com entidades e associações comunitárias. Não podemos
esquecer ainda da elaboração do Plano Municipal de Educação, que projeta metas e
investimentos para o setor nos próximos dez anos.
AM – Qual a relação da Prefeitura com o Estado no
sentido de estabelecer um trabalho em conjunto, de forma a otimizar
investimentos dos principais e mais importantes provedores educacionais?
RS
– Não há como imaginar um governo isolado, sem a
participação das demais esferas. A rede estadual, por exemplo, mantém diversas
escolas na cidade. Parcerias com o município garantem também a qualidade dessas
unidades. Não apenas nos programas de repasse de verbas, mas na troca de
informações, nos projetos pedagógicos, obras de ampliação e reforma, alimentação
e transporte escolar.
AM - Segundo os dados da
Prefeitura há capacidade ociosa de escolas municipais e
estaduais. Por quê? Qual a proposta da atual gestão para
melhorar esse fato?
RS -
No caso do município, durante muito tempo foram construídas escolas sem
maiores critérios de análise de demanda. Ou seja, algumas unidades foram
erguidas em locais onde não havia alunos, tornando-se ociosas, enquanto havia
carência de vagas em outros bairros não atendidos. Nos últimos seis anos mudamos
essa situação. Construímos escolas e ampliamos outras tantas, justamente para
atender a demanda real. Estamos próximos de inaugurar mais uma, na Usina, onde
detectamos necessidade. Todas essas obras foram feitas após estudos em cada
região e não apenas para registrar números. Já no caso do Estado, talvez a falta
de uma política educacional efetiva e as diversas mudanças nas regras de
condução da escola pública registradas nos últimos anos, tenham tido como efeito
uma desorganização administrativa que hoje pode ser sentida no cotidiano de
diversas unidades. Infelizmente, vemos escolas estaduais superlotadas e outras
com classes vazias.
AM – Analisando os dados do IBGE, há um claro
crescimento da oferta de vagas no ensino fundamental através de escolas
municipais e, em contra-partida, diminuição de vagas para o ensino fundamental
em escolas estaduais.Esse fato demonstra uma migração de alunos das escolas
estaduais para municipais? Qual é a sua visão em relação a este fenômeno? Novas
vagas não deveriam suprir demandas reprimidas, por exemplo ?

RS
– Imagino que boa parte dessa resposta já esteja
contemplada na questão anterior. Realmente existe uma migração de alunos para a
rede municipal, mas há razões para isso. A municipalização promovida pelo Estado
reduziu as salas do primeiro ciclo do fundamental, o que fez com que muitos
estudantes passassem a ser atendidos pela Prefeitura. A personalização do
ensino, os projetos diferenciados e nossa política de trazer a comunidade para
dentro da escola também ajudam muito nessa aproximação e na preferência de pais
em manter seus filhos em escolas da Prefeitura. O fato da Prefeitura ter
assumido os alunos do 1º ciclo do fundamental, abriu a possibilidade do Estado
ampliar o atendimento ao ensino médio, que hoje é de 100% da demanda.
AM – Analisando a atual estrutura do ensino na
cidade nota-se que há investimentos maiores na educação infantil e no ensino
fundamental visto que a oferta de vagas para o ensino médio é menor. Essa é uma
visão correta? Qual é a estratégia para aumentar vagas no ensino médio e
superior?
RS
– Vale uma ressalva, de que a rede municipal contempla a
educação infantil e o ensino fundamental, primeiro ciclo, ou seja, do
introdutório até quarta séries. Não temos classes de 5ª a 8ª, nem ensino médio,
que hoje estão sob os cuidados do Estado e, claro, da rede privada. Atibaia
universalizou o atendimento nos ensinos fundamental e médio, por isso não há
déficit de vagas nessas séries na cidade.
AM – O PME (Plano Municipal de Educação 2007)
deve ser concluído (segundo informações do site da Prefeitura – Concidati) no
dia 15/10. Quais são os principais pontos, estratégias e metas?
RS –
O PME foi um dos maiores projetos de educação já realizados
não só em Atibaia, mas em toda a região. O plano não nasceu em quatro paredes,
foi discutido democraticamente em todos os bairros da cidade. Desde o mais
letrado ao cidadão mais humilde, todos tiveram oportunidade de opinar e dar sua
contribuição a este que não é um plano de um prefeito, mas um plano de governo,
que permanecerá por esta e outras administrações, reforçando o preceito de
continuidade das políticas educacionais. Em resumo, o plano traça estratégias e
prevê metas para os próximos dez anos em Atibaia. E seus objetivos são claros:
reduzir o analfabetismo, melhorar a qualidade do ensino, valorizar o
profissional da área e garantir educação continuada desde as primeiras séries
infantis, até o ensino superior e profissionalizante. O PME vai se transformar
em lei, envolve as escolas pública e privada e vai se tornar a garantia de uma
educação de qualidade, para todos.
AM
- No que se refere à qualidade do ensino público, quais são
os indicadores e metas adotados pela prefeitura?
RS- Todos esses dados estão
contidos no Plano Municipal de Educação, para serem implantados no prazo de uma
década.
AM – Em relação ao corpo docente, qual é a
política de valorização e reciclagem do quadro geral de colaboradores?
RS
– Costumo dizer que construir uma escola para 500
estudantes é a parte mais fácil desse trabalho. O mais complicado é mantê-la, é
garantir seu funcionamento praticamente 365 dias por ano. E, para que isso
aconteça, precisamos ter profissionais capacitados, valorizados e satisfeitos
com suas carreiras. A Prefeitura tem prezado pela qualificação contínua de seus
professores, técnicos e funcionários, com cursos de capacitação e incentivo à
titulação. Hoje praticamente todos os nossos professores têm nível superior
graças a programas de educação continuada e investimentos que garantiram bolsas
de estudos em universidades. Aqueles que ainda não se formaram, estão em vias de
concluir o curso. Nos últimos anos valorizamos também a vida funcional do
professor, com mais de 200 contratações por concurso, reajustes salariais,
gratificações e garantias nunca antes oferecidas a essa categoria.
AM – Já em relação às questões como alimentação,
esportes, materiais e transportes escolares, quais são as políticas da
Prefeitura para atender essas necessidades complementares do processo
educacional?
RS
– Essa também é uma questão bastante ampla, levando-se em
conta o que foi feito nesses seis anos. Sobre alimentação, hoje servimos mais de
26 mil refeições diárias não apenas para alunos das escolas da prefeitura, mas
também nas unidades estaduais. O Conselho de Alimentação Escolar (CAE)
encarrega-se de fiscalizar a qualidade do que é servido, os investimentos no
setor e a forma como os recursos são empregados. Sobre esportes, a Secretaria de
Educação implantou há cerca de três anos os professores de Educação Física na
rede. Com isso, criamos uma série de programas esportivos que funcionam em
sistema de jornada estendida. Hoje há nas escolas aulas de judô, de ginástica
artística, de natação, de capoeira,de handebol e até de esgrima, com centenas de
alunos participando. E, sobre o transporte, fornecemos hoje cerca de 6,5 mil
passes escolares por dia para estudantes do ensino fundamental, tanto da
Prefeitura, quanto do Estado e também para alunos do ensino médio. Mantemos
ainda um serviço diário de transporte próprio e gratuito para mais de 300
estudantes de escolas rurais da Prefeitura.
AM - Sobre programas como CEUs, CIEPs e escolas período integral. Qual é
a sua opinião sobre o assunto? Há alguma intenção de se promover esse tipo de
ensino na cidade ?
RS - Entendemos que não devemos promover esse tipo de programa. Nas
reuniões do Plano Municipal de Educação, foi definida com a comunidade a
implantação do sistema de jornada ampliada, que possibilita aos alunos
atividades além dos horários das aulas, sem a necessidade de que este permaneça
fechado dentro da escola o dia inteiro. Escola em período integral poderia
funcionar se houvesse unidades ociosas em nossa rede, o que não é o caso.
AM – Segundo informações da Prefeitura, o ensino
particular representa 20% (número de vagas) em relação ao ensino público. Há
algum incentivo ou plano para atrair investimentos nesse campo (ensino
particular)?
RS
– Na verdade, a rede privada representa 15% do atendimento
e não 20%. A Prefeitura é parceira da rede privada, há muitas ações e programas
que desenvolvemos conjuntamente com escolas particulares.
AM - Contrariando as próprias previsões do IBGE
que indicavam que a população da cidade girava em torno de 130mil habitantes
(em 2006), a última contagem realizada em 2007 apontou para um número muito
próximo ao apontado no censo de 2000 (censo 2000 = 111.300 e contagem de 2007 =
112.696), o que indica um crescimento populacional abaixo das expectativas.
Analisando documentos base do PME notamos que as projeções de crescimento para
os próximos 5/10 anos em termos de demanda educacional são bem maiores. Como
você analisa esse fato?
RS - Sobre o crescimento demográfico estar aquém do esperado, entendemos
que pode ser uma boa notícia. Se nossos projetos estão dimensionados para uma
população maior, a expectativa é de que consigamos atingir nossas metas e
objetivos com maior facilidade.
Obs.: Veja informações sobre a cidade em:
http://www.atibaiamania.com.br/censo/
AM – Em relação à densidade demográfica da cidade
(áreas de concentração da população) quais são as áreas mais e menos atendidas?
Quais as ações necessárias para atender as menos favorecidas?
RS
– A região
que costumamos chamar da zona oeste da cidade, ou o outro lado da Fernão Dias',
sempre foi carente de serviços públicos. Nos últimos anos, no entanto,
concentramos nossos investimentos – não apenas de Educação – em bairros como
Caetetuba, Jardim Imperial, Maracanã, etc. Foi lá que fizemos a maioria de
nossas escolas, quadras cobertas, biblioteca, laboratórios de informática. Ainda
há muito o que fazer, mas certamente a situação hoje é muito melhor do que seis
anos atrás.
AM - Na sua opinião, qual deve ser
a principal meta para o campo da educação da próxima gestão
municipal?
RS -
Acho que, se respeitarem e fizeram valer o Plano Municipal de Educação,
podemos ter garantida a continuidade das metas de uma escola pública de
qualidade para todos.
Perfil
46 anos
Formado em Filosofia, História e Administração Escolar
Casado
Pais de 2 filhos
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