Monsenhor* é recebido em Atibaia após 26
anos de serviços prestados à comunidade bragantina.
AM – Como o senhor chegou em Atibaia e
porque?
Foi uma proposta do Bispo, que julgou
oportuno ser assim. Quatro padres pediram para mudar, então
teria que deslocar outros quatro. Acabou por transferir 28
padres e não houve obstáculos, todos aceitaram
tranquilamente. Tenho 35 anos como padre, 26 dos quais aqui
em Bragança. Vou feliz com o que fiz, tranquilo, aceitando
com obediência o alargamento da família.
AM – O que o senhor já conhece da
cidade de Atibaia?
Conheço pouco apesar da
proximidade. Conheço a localização das Igrejas,
especialmente Schoenstatt. Surpreendeu-me o Ciclo Natalino e
a celebração a São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Vou
ter que aprender muito na prática.
AM – Qual é o projeto de estímulo à
prática da religião católica?
O primeiro passo é conhecer
as pessoas e ser conhecido, ver como os trabalhos são feitos,
a estrutura da Igreja, a organização paroquial. Depois
vou trabalhar
colaborando com a sociedade, vivendo a fé fora de quatro
paredes, promovendo a paz, a fraternidade, a justiça e
atendendo as pessoas.
AM – Como o senhor vê o avanço de
outras religiões?
O catolicismo foi mais
cultural do que fé propriamente dita. Os católicos de
participação são apenas 20%. Por isso o fenômeno do
sincronismo religioso. As Igrejas tradicionais têm todas a
mesma filosofia , as atuais são agressivas. Há um desafio no
sentido de buscar a evangelização, pois o neo pentcostalismo
avançou. A fé não é feita para dominar, mas para libertar. O
nosso maior desafio é esse.
AM – Por que o senhor escolheu o
sacerdócio?
Eu desde criança tive vida
presente na Igreja. Minha mãe era religiosa e ajudava nas
missas. Eu era coroinha da Catedral aos quatro anos. Com 6
ou 7 anos falei para o Padre que queria fazer isso. Quando
terminei o grupo, com 10 anos, fui para o seminário. Sempre
foi muito claro para mim, muito tranqüilo.
AM – O que o senhor espera da acolhida
do povo local?
Encaro com naturalidade, sei
que estão tristes, mas o conhecimento vai nos ajudar a nos
tornarmos amigos, fraternalmente e com paciência mútua.
Qualquer coisa que quiserem falar, falem para mim. Sou
também da comunidade e pretendo continuar o trabalho do
Padre Eugênio.
AM – Há algum projeto em relação a
ajuda da população carente por parte da Igreja?
Parto do que faço aqui:
cesto da caridade que é uma cesta básica que atende mais de
100 famílias e Pão dos Pobres de Santo Antônio, que mais de
700 pessoas recebem toda terça-feira. Em Atibaia há os
Vicentinos. Vou tentar a partir deles,
injetar entusiasmo e
novas idéias.
AM – O que gostaria de dizer para a
população?
Dizer que, naturalmente, não
se muda nada. Qualquer mudança será em conjunto com a
comunidade. Como uma família, vou trabalhar junto com as
pessoas.
AM – Quer deixar uma mensagem?
Sim. Vou com muito boa
vontade, feliz com o novo desafio, vou carregado do afeto e
do carinho do povo daqui para repartir, conhecer e conviver
com novos irmãos com quem quero criar um laço de afeto e
amor.
*Monsenhor
: título de honra, pessoa que participa da família
pontificia.
Perfil:
Nome:
Giovanni Barrese
Natural: Sala Consilina, Província de
Salerno, Itália
Idade: 61 anos (20/06/1946)
Família: pais falecidos, primeiro de oito
filhos.
Formação: estudos primários nos Grupos
Escolares Dr. Jorge Tibiriçá e Francisco Assis Gonçalves.
Seminário Menor em Sorocaba, onde cursou ginásio e colegial.
Foi ordenado presbítero em 15/11/1973.